16/05/2015 | 17h12min
Um
levantamento da Associação Brasileira de Portadores de Angioedema Hereditário
(Abranghe) mostra a peregrinação e dificuldade encontradas pelos pacientes
acometidos pela doença genética rara, que registra 900 casos no Brasil. Um dos
principais dados da amostra indica que 41,2% dos demoram, no mínimo, 16 anos
para descobrir a deficiência, sendo que 10,2% precisam esperar mais de três
décadas, e apenas 12,2% diagnosticam em menos de 12 meses.
O trabalho
também analisou a opinião dos pacientes em relação ao grau de conhecimento dos
profissionais de saúde na hora do atendimento. Segundo o levantamento, mais de
60%, incluindo hospitais públicos e privados, desconhecem o angioedema
hereditário, o que dificulta o encaminhamento e, consequentemente, o diagnóstico
precoce.
As crises
incapacitantes típicas da doença, que causa, dores abdominais, com potencial de
cinco dias de duração e podem levar à morte, também foi um dos temas abordados
na avaliação. Para a grande maioria dos entrevistados (78,9%), os episódios foram
desencadeados a partir de questões ligadas ao aspecto emocional, estresse e/ou
ansiedade.
“O
levantamento traduz o cenário que encontramos no dia a dia na Associação
Brasileira de Portadores de Angioedema Hereditário (Abranghe): demora no
diagnóstico e desconhecimento. Além disso, tem o caso do paciente diagnosticado
e sem tratamento, devido ao atraso da medicação”, explica Raquel de Oliveira
Martins, vice-presidente da (Abranghe).
Apesar de
não ter cura, os tratamentos atuais podem minimizar o impacto da doença. “Os
inchaços causados pelas crises acometem os tecidos cutâneos das extremidades,
face, genitais, membranas mucosas do trato intestinal, laringe e outros órgãos
internos, podendo levar o indivíduo à morte por asfixia”, explica a médica
Anete Grumach, especialista em alergia e imunologia.
Angioedema
hereditário
O
angioedema hereditário (AEH) é uma doença genética rara, autossômica dominante,
o que significa que os pais têm 50% de probabilidade de passar o gene mutante
para os filhos.
Causas
O AEH é causado pela deficiência ou função inadequada do inibidor de C1
esterase (C1INH), uma glicoproteína que age em processos inflamatórios junto
aos anticorpos. É a deficiência genética mais comum dessa parte do sistema
imunológico.
Sintomas
A doença é caracterizada principalmente por crises com inchaços ou angioedemas
(angio=vaso sanguíneo e edema= inchaço), além de dores abdominais. Essas crises
duram cerca de cinco dias e podem ser causadas por traumas, estresse, mudança
de temperatura e exercício físico. Nas mulheres, também são desencadeadas pela
menstruação ou gestação. Os inchaços acometem os tecidos cutâneos das
extremidades, face, genitais, membranas mucosas do trato intestinal, laringe e
outros órgãos internos. Em geral é doloroso, desfigurante, debilitante e pode
levar à morte por asfixia. As crises abdominais causam dor intensa, náusea,
vômito e diarreia, às vezes com ascite (acúmulo de líquido no interior do
abdômen) e hipovolemia (perda de fluidos do plasma).
Diagnóstico
O diagnóstico correto é essencial para o tratamento eficaz e à redução do risco
de morte durante as crises. Isso envolve histórico médico detalhado, testes
laboratoriais, exame físico e procedimentos de imagem. É importante distinguir
o angioedema hereditário de uma crise alérgica comum, pois apesar de
apresentarem sintomas similares, têm causas diferentes.
Tratamento
Ainda não há cura para o AEH, e os pacientes não respondem ao tratamento com
medicamentos anti-histamínicos, corticosteroides ou epinefrina, usados para
combater inchaços alérgicos. As atuais opções de tratamento para o angioedema
hereditário visam dar rápido alívio nas crises, prevenção dos sintomas em
pacientes com alta frequência de crises (mais de uma por mês) e antes de
procedimentos odontológicos ou cirúrgicos.
Publicado em: http://www.paraiba.com.br/2015/05/16/52334-doenca-rara-demora-mais-de-15-anos-para-ser-diagnosticada-900-casos-no-pais