11 de junho de 2015 | postado
por Malu Silveira
Diagnóstico
correto do angiodema é essencial para o tratamento eficaz e a redução do risco
de morte durante as crises (Foto: Free Images)
Um
levantamento feito pela Associação Brasileira de Portadores de Angiodema
Hereditário (Abranghe) apontou as inúmeras dificuldades enfrentadas pelos
pacientes que convivem com essa doença genética rara. A pesquisa mostra que
41,2% dos pacientes demoram, no mínimo, 16 anos para descobrir o distúrbio –
sendo que 10,2% precisam esperar mais de três décadas e apenas 12,2%
diagnosticam em menos de 12 meses.
O trabalho
também analisou a opinião dos pacientes em relação ao grau de conhecimento dos
profissionais de saúde na hora do atendimento. Segundo o levantamento, mais de
60%, incluindo hospitais públicos e privados, desconhecem o angioedema
hereditário, o que dificulta o encaminhamento e, consequentemente, o
diagnóstico precoce.
As crises
incapacitantes típicas da doença, que causa, dores abdominais, com potencial de
cinco dias de duração e podem levar à morte, também foi um dos temas abordados
na avaliação. Para a grande maioria dos entrevistados (78,9%), os episódios
foram desencadeados a partir de questões ligadas ao aspecto emocional, estresse
e/ou ansiedade. “O levantamento traduz o cenário que encontramos no dia a dia
na Associação Brasileira de Portadores de Angioedema Hereditário. Demora no
diagnóstico e desconhecimento. Além disso, tem o caso do paciente diagnosticado
e sem tratamento, devido ao atraso da medicação”, explica Raquel de Oliveira
Martins, vice-presidente da Abranghe.
A DOENÇA
O
angioedema hereditário (AEH) é uma doença genética rara, autossômica dominante,
o que significa que os pais têm 50% de probabilidade de passar o gene mutante
para os filhos. Causado pela deficiência ou função inadequada do inibidor de C1
esterase (C1INH), uma glicoproteína que age em processos inflamatórios junto
aos anticorpos, é a deficiência genética mais comum dessa parte do sistema
imunológico.
A doença é
caracterizada principalmente por crises com inchaços ou angioedemas (angio=vaso
sanguíneo e edema= inchaço), além de dores abdominais. Essas crises duram cerca
de cinco dias e podem ser causadas por traumas, estresse, mudança de
temperatura e exercício físico. Nas mulheres, também são desencadeadas pela
menstruação ou gestação. Os inchaços acometem os tecidos cutâneos das
extremidades, face, genitais, membranas mucosas do trato intestinal, laringe e
outros órgãos internos. Em geral é doloroso, desfigurante, debilitante e pode
levar à morte por asfixia. As crises abdominais causam dor intensa, náusea, vômito
e diarreia, às vezes com ascite (acúmulo de líquido no interior do abdômen) e
hipovolemia (perda de fluidos do plasma).
O
diagnóstico correto é essencial para o tratamento eficaz e a redução do risco
de morte durante as crises. Isso envolve histórico médico detalhado, testes
laboratoriais, exame físico e procedimentos de imagem. É importante distinguir
o angioedema hereditário de uma crise alérgica comum, pois apesar de
apresentarem sintomas similares, têm causas diferentes.
Ainda não
há cura para o AEH, e os pacientes não respondem ao tratamento com medicamentos
anti-histamínicos, corticosteroides ou epinefrina, usados para combater
inchaços alérgicos. As atuais opções de tratamento para o angioedema
hereditário visam dar rápido alívio nas crises, prevenção dos sintomas em
pacientes com alta frequência de crises (mais de uma por mês) e antes de
procedimentos odontológicos ou cirúrgicos.
Publicado em: http://blogs.ne10.uol.com.br/casasaudavel/2015/06/11/diagnostico-de-angiodema-demora-mais-de-15-anos-para-40-dos-pacientes/
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