quinta-feira, 22 de julho de 2010

Matéria publicada no Portal Nacional - SEGS

Aprovado primeiro medicamento no Brasil para tratamento das crises de angioedema hereditário (AEH)


Doença causa inchaço em várias partes do corpo não relacionado à alergia. Em alguns casos pode levar o paciente à morte por edema de laringe


A Shire plc (LSE: SHP, NASDAQ: SHPGY, TSX: SHQ) acaba de lançar no Brasil o medicamento FIRAZYRT (icatibanto) para tratamento das crises agudas de angioedema hereditário (AEH). O medicamento aprovado pela Anvisa é o único tratamento específico para as crises de angioedema hereditário disponível no Brasil.

O AEH é causado por uma deficiência hereditária em uma proteína chamada inibidor de C1-esterase (C1-INH). O edema ocorre externa e também internamente e é de natureza desfi gurante, podendo comprometer as atividades diárias devido ao inchaço em mãos, pés, e rosto, além dos órgãos internos. "O angioedema hereditário é um tipo sub diagnosticado de angioedema", afirma a Dra. Anete Grumach, imunologista da faculdade de Medicina do ABC.

"Ele tem suas características próprias e é importante que o diagnóstico seja feito precocemente, principalmente pelas complicações que o paciente pode desenvolver. A mais temida sem dúvida é o edema de laringe, popularmente conhecido por edema de glote, que pode levar ao sufocamento e à morte do paciente, se não tratado", acrescenta.

As estimativas baseadas na prevalência mundial da doença sugerem que 6 mil pessoas
possam ser portadoras no Brasil. Dessas, menos de 5% são diagnosticadas corretamente e 30% podem morrer sufocadas durante uma crise de edema de laringe. O tempo médio para que um paciente tenha o diagnóstico correto costuma ser de 10 a 22 anos. Na maioria das vezes o quadro é muito parecido com uma reação alérgica, o que dificulta o diagnóstico.

"Tive que recorrer a médicos por causa das crises de inchaço e alguns deles me disseram que eu tinha problema renal ou cardíaco por causa dos inchaços nas mãos e nos pés", relata Raquel Martins, portadora de AEH e presidente da associação de portadores de angioedema hereditário ABRANGHE. "As cólicas abdominais, inclusive, me levaram a um diagnóstico de apendicite e acabei passando por uma cirurgia de apêndice desnecessária",comenta.

Como não há cura, a orientação recebida dos médicos geralmente é para que o paciente evite possíveis situações que possam desencadear o processo. "Considerando-se que as crises podem ser desencadeadas por estresse, processos infecciosos, traumas e procedimentos cirúrgicos, é necessário orientar que o paciente controle os eventos que forem possíveis, evitando por exemplo, a prática de esportes mais agressivos", afirma Dra. Anete.

Anvisa aprova FIRAZYRT, o primeiro medicamento para as crises agudas disponível no Brasil

A boa notícia para quem sofre dessa doença é que o medicamento FIRAZYRT (icatibanto),aprovado em dezembro de 2009 para uso em adultos durante as crises agudas de angioedema hereditário (AEH), produzido e comercializado pela Shire, recentemente obteve o registro na Anvisa, o que permite a comercialização no Brasil.

Com a aprovação de FIRAZYRT, os pacientes, pela primeira vez, poderão controlar os sintomas das crises agudas com um medicamento aprovado para este fi m. "Antes da aprovação do medicamento os pacientes só contavam com medicamentos de uso profi lático, utilizados para evitarem as crises, mas o problema é que mesmo com uso de terapia profilática, os pacientes podem apresentar crises, e anteriormente não se tinha muito o que fazer", diz a Dra Anete Grumach.

A substância ativa, icatibanto, é um antagonista seletivo do receptor B2 da bradicinina e apresenta uma nova abordagem para o tratamento das crises agudas de AEH, impedindo a ação da bradicinina, o principal mediador na formação do inchaço nessa doença, proporcionando rápido alívio dos sintomas.

Dados de Segurança

Em estudos clínicos, mais de 700 crises de AEH foram tratadas subcutaneamente com
icatibanto, sem um único caso de reação adversa séria relacionada à droga. FIRAZYRT
(icatibanto) foi, de forma geral, bem tolerado. As reações no local da injeção, como
eritema (manchas avermelhadas da pele) e inchaço, foram relatados em quase todos os pacientes tratados com icatibanto, com intensidade leve à moderada, de curta duração e resolução espontânea, sem necessidade de intervenção médica. Nenhum evento adverso sério foi relatado para o icatibanto.

Sobre FIRAZYRT

FIRAZYRT (icatibanto) é o primeiro e único medicamento subcutâneo aprovado no
Brasil para o tratamento sintomático de crises agudas de angioedema hereditário (AEH) em adultos com defi ciência do inibidor de C1-esterase. O icatibanto é um antagonista específico dos receptores B2 da bradicinina. Representa uma abordagem original e objetiva para o tratamento das crises agudas de AEH através do bloqueio dos efeitos da bradicinina, o mediador chave na formação do inchaço nessa doença. O icatibanto proporciona melhora rápida nos sintomas e encurta a duração da crise.

Trata-se de um decapeptídeo sintético (um peptídeo que contém 10 aminoácidos). O medicamento é fornecido em seringas preenchidas de 3 ml e deve ser administrado subcutaneamente por um profissional da saúde. No Brasil, o medicamento deve ser mantido em refrigeração entre 2 e 8 °C.

Sobre o Angioedema Hereditário

O Angioedema Hereditário (AEH) é uma doença genética, caracterizada por crises agudas, recorrentes e espontâneas de edema (inchaço) da pele (mãos, braços, pés, pernas, coxas,face e genitálias) ou das membranas mucosas (trato gastrintestinal, laringe e garganta).O inchaço pode ser desfi gurante e doloroso, principalmente no caso das crises abdominais.

O edema de laringe é potencialmente fatal, em função do risco de sufocação (asfixia).

Diferente dos angioedemas causados por reações alérgicas, sinais e sintomas como
urticárias e coceiras não ocorrem no AEH. Antes de uma crise de AEH, o paciente percebe uma irritação ou formigamento sobre a área da pele que será afetada pelo inchaço.

O AEH é causado por uma deficiência hereditária em uma proteína chamada inibidor
de C1-esterase (C1-INH). Normalmente, o C1-INH ajuda o corpo a combater infecções e controlar a coagulação do sangue. No AEH, a defi ciência de C1-INH provoca o aumento da liberação do peptídeo bradicinina, um mediador chave no desenvolvimento dos sintomas clínicos nessa doença. A Bradicinina provoca a vasodilatação, tornando os vasos sanguíneos mais permeáveis, resultando na formação de edemas no tecido corporal adjacente.

Sobre a Shire

O objetivo estratégico da Shire é se tornar a companhia biofarmacêutica especializada
líder de mercado focada em atender às necessidades dos médicos especialistas. A Shire concentra seus negócios nas áreas de défi cit de atenção e hiperatividade (TDAH), doenças gastrintestinais (GI) e doenças genéticas (HGT). Além disso, a Shire atua em outras áreas terapêuticas inseridas no portfolio da companhia através de aquisições. Os esforços da Shire estão focados em fusões, aquisições e licenciamento de produtos em mercados especializados com forte proteção à propriedade intelectual e direitos globais. A Shire acredita que para alcançar resultados fortes e consistentes é preciso alinhar a eficácia da força de vendas ao portfolio de produtos, que precisa ser balanceado e cuidadosamente selecionado.

Para mais informações sobre a Shire, por favor acesse o site www.shire.com.br ou www.shire.com

Matéria publicada no Jornal Brasil On Line - Saúde

Doença AEH
01/06/2010

O Angioedema Hereditário (AEH) é uma doença genética, caracterizada por crises agudas, recorrentes e espontâneas de edema (inchaço) da pele (mãos,braços, pés, pernas, coxas,face e genitálias) ou das membranas mucosas (trato gastrintestinal, laringe e garganta).O inchaço pode ser desfigurante e doloroso, principalmente no caso das crises abdominais. O edema de laringe é potencialmente fatal, em função do risco de sufocação (asfixia). Diferente dos angioedemas causados por reações alérgicas, sinais e sintomas como urticárias e coceiras não ocorrem no AEH.

O angioedema hereditário (AEH) é uma doença super séria que pode levar à morte. As pessoas incham e isso pode causar asfixia. O * AEH é causado por uma deficiência hereditária em uma proteína chamada inibidor de C1-esterase (C1-INH). É muito confundida com alergia, mas como o nome já diz é hereditário.

Muitos pacientes já passaram por procedimentos cirúrgicos desnecessários, como retirada de apêndice, devido ao tempo médio que um paciente tenha o diagnóstico correto costuma ser de 10 a 22 anos.

Estimativas sugerem que pode chegar a mais de 18 mil pessoas portadoras no Brasil, mas este número pode ser muito maior, pois apenas 5% das pessoas com a doença são diagnosticadas corretamente e 30% podem morrer sufocadas durante uma crise de edema de laringe.

Novidade no mercado: Shire acaba de lançar no Brasil o medicamento FIRAZYR™ (icatibanto) para tratamento das crises agudas de angioedema hereditário (AEH). O medicamento aprovado pela Anvisa é o único tratamento específico para as crises de angioedema hereditário disponível no Brasil.


Paciente: “Tive que recorrer a médicos por causa das crises de inchaço e alguns deles me disseram que eu tinha problema renal ou cardíaco por causa dos inchaços nas mãos e nos pés”, relata Raquel Martins, portadora de AEH e presidente da associação de portadores de angioedema hereditário ABRANGHE. “As cólicas abdominais, inclusive, me levaram a um diagnóstico de apendicite e acabei passando por uma cirurgia de apêndice desnecessária”,comenta.
A orientação dos médicos geralmente é para que o paciente evite possíveis situações que possam desencadear o processo. “Considerando-se que as crises podem ser desencadeadas por estresse, processos infecciosos, traumas e procedimentos cirúrgicos, é necessário orientar que o paciente controle os eventos que forem possíveis, evitando por exemplo, a prática de esportes mais agressivos”, afirma Dra. Anete Grumach, imunologista da faculdade de Medicina do ABC.



Fonte:Hill & Knowlton Brazil

Matéria publicada em O Povo On Line - Ciência & Saúde

Angioedema hereditário (aeh). que doença é essa?

05/06/2010 13:00

Angioedema hereditário (AEH) é uma doença séria que pode levar à morte. As pessoas incham e isso pode causar asfixia. O AEH é causado por uma deficiência hereditária em uma proteína chamada inibidor de C1-esterase (C1-INH). É muito confundida com alergia, mas como o nome já diz é hereditário. A doença causa inchaço em várias partes do corpo não relacionado à alergia. Em alguns casos pode levar o paciente à morte por edema de laringe. As estimativas baseadas na prevalência mundial da doença sugerem que pode haver 18 mil pessoas portadoras no Brasil. Dessas, menos de 5% são diagnosticadas corretamente e 30% podem morrer sufocadas durante uma crise de edema de laringe. O tempo médio para que um paciente tenha o diagnóstico correto costuma ser de 10 a 22 anos. Como não há cura, a orientação recebida dos médicos geralmente é para que o paciente evite possíveis situações que possam desencadear o processo. “Considerando-se que as crises podem ser desencadeadas por estresse, processos infecciosos, traumas e procedimentos cirúrgicos, é necessário orientar que o paciente controle os eventos que forem possíveis, evitando por exemplo, a prática de esportes mais agressivos”, afirma a médica Anete Grumach, imunologista.

“As cólicas abdominais, inclusive, me levaram a um diagnóstico de apendicite e acabei passando por uma cirurgia de apêndice desnecessária”, comenta Raquel Martins, portadora de AEH e presidente da associação de portadores de angioedema hereditário Abranghe.


segunda-feira, 19 de julho de 2010

Matéria publicada no site www.raulmelo.com.br

Inchaço não alérgico: Reconhecendo o
Angioedema Hereditário

A quantidade de pessoas com herança alérgica é muito grande. Segundo estudos, um quarto da população de alguns países. Além disso, há outros, como a Inglaterra, em que se suspeita que a porcentagem ultrapasse os 40%. Considerando que boa parte desse contingente apresenta, vez por outra, inchaço, ou urticária (manchas vermelhas que coçam), fica claro como é difícil para os médicos pensarem em outros diagnósticos raros que expliquem o inchaço eventual em uma pessoa que chegue ao pronto-socorro.

Crises com lábios enormes e olhos “de sapo” tornam o paciente irreconhecível e são apenas parte da intrigante e sofrida história dos portadores do Angioedema Hereditário (angio significa vaso e edema, inchaço). Intrigante pois os remédios que funcionam muito bem para inchaços de causa alérgica, como os antialérgicos de última geração (ou anti-histamínicos não sedantes) e as cortisonas (ou corticosteroides) não resultam em melhora no inchaço da doença em questão.

Também é surpreendente conhecer a complexidade das substâncias envolvidas no processo. São interações entre proteínas que recebem códigos como C1, C4, C1-INH, fator XI, fator XII e nomes de substâncias como calicreína e bradicinina. Poucos médicos terão paciência para ler um artigo científico que contenha detalhes sobre a interação dessas substâncias na via do complemento, do contato, ou alternativa. Essas vias são sequências de proteínas que vão se transformando, como dominós que caem uns sobre os outros e, no final, produzem uma reação de defesa ao ataque de um germe estranho.

De fato, um dos importantes meios de nos defendermos de bactérias e outros microorganismos intrusos é a produção de proteínas (uma delas é chamada de Complemento – cuja sigla é o C) que se “grudam” e atrapalham o funcionamento de células invasoras, permitem que os anticorpos sejam mais eficientes, matando-as, ou contribuindo para a chegada de outras células imunológicas, ao abrir as junções dos vasos que chegam aos tecidos. Nesse processo, chamado de inflamação, o líquido do sangue (plasma) extravasa. Isso pode ser um grande problema, se não houver um freio adequado.

Voltando à metáfora dos dominós levantados: se não há, no meio deles, peças deitadas (os inibidores) que impeçam a reação em cadeia após um leve esbarrão acidental, o paciente passa a viver com uma insegurança constante, fato que também contribui para a piora de sua qualidade de vida.

A partícula inibidora, chave para entender o Angioedema Hereditário, é o C1-INH (ou seja, o inibidor do C1 – “inhibitor”, em inglês). Se ele existir em pequena quantidade (falha quantitativa), ou se a função de inibição for insuficiente (falha qualitativa), a cascata corre solta. Aliás, “cascata” é um termo usado pelos médicos para a descrição da fisiologia dessas pequenas partículas do sistema de defesa. Hoje sabemos que o C1-INH atua em diversas outras frentes, ou cascatas, controlando a coagulação, a permeabilidade dos vasos e a produção de partículas contra agressores.

Se não houver o inibidor (o “freio” de que falamos), o inchaço se segue a estímulos como trauma (cirurgia, extração dentária, ou um soco na aula de caratê), alguns remédios chamados de inibidores da ECA (médicos conhecem bem essa classe de remédios) e também infecções. Interessante saber que o estresse foi um dos primeiros desencadeantes conhecidos, tanto que inicialmente o edema era chamado de angio –“neurótico”. De qualquer forma, a preocupação maior não está em tentar evitar a feiúra de um “beiço” exagerado, mas a asfixia grave pelo inchaço na região respiratória (na altura da garganta, ou glote), quadro fatal em até 30% das ocorrências.

Com tamanha morbidade (ato de ficar doente) e mortalidade, grandes esforços têm sido despendidos para uma solução satisfatória. O tratamento contínuo, de prevenção das crises ainda é bastante ancorado no uso de androgênios, hormônios semelhantes aos encontrados nos homens e, por isso mesmo, responsáveis por muitos dos efeitos indesejáveis observados nas mulheres. A virilização (indução de características masculinas, como engrossar as voz, pêlos em abundância e aumento da massa muscular) resulta em 25% de abandono no tratamento. Não bastassem esses efeitos, ainda podem ocorrer ganho de peso, irregularidades menstruais, depressão, alteração na função do fígado, cefaléia (dor de cabeça) e alteração nas taxas de colesterol.

Se a falta do inibidor C1-INH é a base do Angioedema Hereditário, seria natural pensar em um remédio que seja o concentrado dessa substância. Na verdade, ele já existe, mas tem que ser aplicado por via intravenosa (“na veia”) duas vezes por semana. Alguns estudos já advogam até a autoaplicação, visando uma vida o mais próxima do normal.

O raciocínio seguinte seria bloquear a substância final da cascata de proteínas – a bradicinina, o último “dominó” que tombaria e produziria a reação nas células e tecidos. Além do plasma fresco congelado, uma solução antiga, nem sempre eficiente e passível de contaminação (pois usa o soro de outra pessoa), o efeito da bradicinina pode ser bloqueado por um remédio (bloqueador do receptor, isto é, do local onde atua a substância), que já existe no Brasil. Como ele tem efeito curto, é utilizado por via subcutânea apenas na crise.

Para muitos pacientes é possível perceber que a crise está para acontecer, quando aparecem, por volta de 24 horas antes, sinais indiretos como fadiga, erupção cutânea e dor muscular. Recente artigo de um grupo de pesquisa americano observou que metade dos 44 pacientes conseguiu prever os ataques de inchaço em 75% das vezes. Utilizar um bloqueador de crise nesta fase do processo é bastante eficiente. Também pode ser recomendado o uso do remédio em situações de alta probabilidade de crise, como cirurgias e procedimentos odontológicos.

Outro sintoma presente na crise é a intensa dor abdominal, resultado dos espasmos da musculatura que envolve o intestino, estimulada pela bradicinina. Muitos pacientes chegam a ser operados inutilmente por não terem ainda o diagnóstico da doença.

Anti-histamínicos (conhecidos como “antialérgicos”) atuam na histamina, primeira substância liberada em uma reação alérgica. Por essa razão, a crise de Angioedema Hereditário não é controlada pelos antialérgicos comuns. A histamina também produz, na maioria dos casos, os “vergões” avermelhados que coçam bastante (a urticária). Como diferença marcante, portanto, observamos que não há urticária no Angioedema Hereditário, uma doença genética geralmente de início na infância que, curiosamente, nem sempre vem de família, pois podem acontecer mutações na formação de um feto que originem novas variações. Outra peculiaridade é a ocorrência de angioedemas semelhantes ao hereditário, na vida adulta, como resultado de outras afecções, como o câncer. Nesse caso, o angioedema é chamado de adquirido, significando que o paciente não nasceu com ele.

Com objetivo de ampliar o leque de informações sobre o tema, recentemente foi criada, por iniciativa de pacientes, a Associação Brasileira de Portadores de Angioedema Hereditário, uma entidade que cadastra, promove eventos e traz discussões necessárias não só para quem está doente, mas também à classe médica.

Doença renal, cardíaca, ou alérgica são diagnósticos que os portadores do Angioedema Hereditário costumam ouvir por 10 a 20 anos antes que um médico peça o exame de dosagem de (inibidor de) C1 esterase (ou C1-INH, ou inibidor do C1) e dê a má e a boa notícias: primeiramente, que não há cura; por outro lado, que é possível ter uma vida praticamente normal com os tratamentos tradicionais adicionados às novidades que estão surgindo no mercado, prevenindo assim cirurgias desnecessárias, crises extremamente desgastantes e até a morte, um desfecho que cada vez mais poderá ser evitado.

Dr. Raul Emrich Melo
Postado originalmente no site tratandoalergia.com.br

domingo, 11 de julho de 2010

A médica do Dr House - Veja 09/07/2010

Consultora da série de TV House, Lisa Sanders fala sobre a realidade da medicina por trás do programa e chama a atenção para a importância da conversa entre o médico e o paciente para o diagnóstico correto

Natalia Cuminale

"Quando você atende um paciente e você não sabe o que ele tem, há uma certa ansiedade. Em primeiro lugar, o médico quer que as pessoas melhorem. Eles acreditam que é uma tendência do paciente omitir o que está acontecendo e não contar o que eles precisam saber"

"Você precisa pensar em House e a sua equipe como um só médico. Cada um deles representa um aspecto de um médico: racional, questionador, humanitário e investigador. É como se você tivesse um especialista para conversar, outro para investigar e mais um para pensar sobre o diagnóstico: mas eles são a mesma pessoa"

O diagnóstico pode ser a etapa mais frustrante de uma consulta médica. Médicos pressionados pelo tempo - que às vezes atendem mais de 20 pessoas por dia - e pacientes com dor e atrás de uma resposta rápida não resultam em finais felizes. É contra essa situação que a médica americana Lisa Sanders luta. Consultora da série de TV House - que se tornou popular justamente por trazer um médico capaz de identificar qualquer doença - e autora do livro Todo Paciente Tem uma História para Contar (Editora Zahar, 328 pág, 36 reais), Lisa acredita que a conversa entre o médico e o paciente é essencial para o diagnóstico correto. “A maioria das doenças não se parecem com um tiro no braço, elas são invisíveis do lado de fora do corpo. Se você não conversar e ouvir o que o paciente tem a dizer, você nunca vai saber”, afirma.

A médica ainda faz um paralelo da realidade atual da medicina com a série. “House diz que todo mundo mente. A verdade é que todo mundo mente para o House porque os pacientes não possuem um bom relacionamento com ele. Se você não tem uma boa relação com o seu médico, se você não confia nele, será difícil dizer a verdade”.

Entrevista a veja.com

Em seu livro Todo Paciente Tem uma História para Contar, você escreveu sobre o fato de poucos médicos se preocuparem para ouvir a história do paciente. Por que isso acontece?

É uma situação complicada. Eu acho que os médicos americanos e os americanos em geral estão apaixonados por tecnologia. Eles acreditam que os exames tecnológicos poderão dar todas as respostas. Mesmo tendo o conhecimento que a tecnologia não substitui a conversa, as pessoas têm a tendência de pensar que o novo é melhor. Além disso, acredito que os médicos não ensinamos aos estudantes de medicina como conversar com seus pacientes. Só assumimos que isso é uma coisa que deve acontecer, pensando que é só uma simples conversa. As pessoas não valorizam o fato de que a habilidade de conversar pode ajudar a diagnosticar as pessoas. O tempo também é um fator importante. Não temos tempo, ou sentimos que não temos. O período de uma consulta é bastante curto. E vivemos com a pressão dos seguros de saúde para ver mais e mais pacientes. São muitas razões, mas, fundamentalmente, não conseguimos acreditar que conversar é tão importante quanto examinar – quando na verdade, pode ser muito melhor.

Podemos dizer que atender mais de 20 pacientes por dia seria responsável por parte do problema?

Com certeza é parte do problema. Pelo menos nos Estados Unidos, o problema é que a maioria dos médicos não é paga para pensar e sim para fazer. Se você precisa atender um paciente com uma situação complicada, que exige pensamento, mas não cirurgia, você não recebe tanto por isso. Por esse motivo, médicos são “pequenas empresas”. Ou seja, se você é pago por quantidade, os especialistas acabam vendo muitos pacientes. Eu espero que a reforma no sistema de saúde americano mude isso.

Qual a importância de ouvir o paciente? O que pode acontecer se o médico não der o tempo para o paciente falar?

Ele pode não descobrir o problema. Há 100 anos, um médico muito inteligente chamado William Osler já dizia “ouça seu paciente e ele dirá a você o que ele tem”. É extremamente verdade. Se você não escuta, não há como saber. Doenças podem ser consideradas um fenômeno subjetivo. Você não pode saber o que está acontecendo no corpo de uma pessoa se você não perguntar a ela. Porque normalmente, não aparece. Se alguém leva um tiro no braço, o médico com certeza vê isso e não será necessária muita conversa. Mas a maioria das doenças não se parecem com um tiro no braço, elas são invisíveis do lado de fora do corpo. Se você não conversar e ouvir o que o paciente tem a dizer, você nunca vai saber.

Mas por que os médicos costumam interromper o paciente antes que eles terminem de contar o que se passa?

Quando você atende um paciente e você não sabe o que ele tem, há uma certa ansiedade. Em primeiro lugar, o médico quer que as pessoas melhorem. Eles acreditam que é uma tendência do paciente omitir o que está acontecendo e não contar o que eles precisam saber. Por isso, eles sentem que é preciso fazer uma série de questões, pensando que é a forma mais direta e eficiente de encontrar a cura para o problema. Nem sempre é esse o caso, mas os médicos são inclinados a acreditar nisso.

Você acha que as faculdades de medicina ensinam aos estudantes a importância de ouvir o paciente?

Sim, os cursos de medicina se preocupam em ensinar isso. Na escola, eles ensinam a medicina em série e, depois, é necessário aplicar os conhecimentos, treinar e atender pacientes nos hospitais. É durante a prática clínica que eles veem que muitos médicos não conversam ou escutam os doentes. Eles veem o que os outros médicos fazem e assim fazem o mesmo.

Custa caro não ouvir o que o paciente tem a dizer?

Eu diria que às vezes não faz diferença. Francamente, as pessoas são fortes e saudáveis o suficiente para conseguirem melhorar - independentemente do que o médico fizer. Mas, em outros casos, o diagnóstico correto é muito importante e se você não dá o tratamento, o paciente pode morrer ou ter complicações graves.

Qual é o preço do diagnóstico errado?

Tenho um caso de um paciente que chegou com uma aparência terrível e com o ritmo cardíaco muito baixo ao hospital. Ele foi para a emergência, passou pela UTI, quase fez uma cirurgia para colocar um marcapasso cardíaco e no fim das contas descobriram que era um problema na próstata – ele não precisava de marcapasso. Depois de muitas horas de investigação, perceberam o problema e colocaram um tubo em sua uretra e toda a urina saiu. Assim os rins voltaram a funcionar e ele melhorou. Isso poderia ter sido diagnosticado se os médicos tivessem ouvido o que ele tinha a dizer. Na verdade, segundo o prontuário, ele deu à enfermeira uma pista do que poderia ser o problema – ele tinha dificuldades para urinar - mas ninguém ouviu ou questionou. O paciente provocou um custo de US$ 50.000 de internação, sendo que o problema dele poderia ter sido diagnosticado e tratado no setor de emergência. Seria muito menos traumático para ele e muito menos caro para o hospital.

No começo da nossa conversa, você falou sobre a preferência dos médicos pela tecnologia. Você acredita que o diagnóstico digital está substituindo o contato entre médico e paciente?

Nós estamos tentando, mas a verdade é que nenhuma tecnologia é melhor do que a conversa entre o médico e o paciente. Se as máquinas fossem melhores, ninguém ficaria infeliz com o fato de estarmos perdendo a capacidade de comunicação. A parte mais importante não é que eles gostem um dos outros, mas que o paciente seja bem cuidado. Se uma máquina pudesse fazer isso, seria ótimo. O problema é que o uso somente de máquinas não é eficiente e não é assim que se consegue o diagnóstico correto.

Falamos muito sobre o papel dos médicos, mas como os pacientes podem ajudar a si mesmos a obter um bom diagnóstico?

Antes de tudo, eles precisam contar a história. Eu digo aos meus pacientes que algum pedaço da sua história pode ser muito importante. Normalmente, você não sabe qual parte é importante e necessária para o seu diagnóstico. Certamente o médico saberá que trecho poderá ser usado para compor a análise. Mas isso não acontecerá se não ouvir até o final. Por isso, os pacientes precisam perceber a importância de contar sua história aos médicos. Quando o médico interrompe para fazer uma pergunta, acho que o paciente deve responder e dizer “Doutor, eu preciso terminar de contar a minha história”. Ao gravar consultas médicas, foi possível perceber que quase nunca os médicos deixavam os pacientes terminarem suas histórias e a interrupção raramente vinha acompanhada de um pedido para continuar a contar os fatos. Os pacientes precisam acreditar que contar a história é importante.

E o que perguntar?

Quando o médico disser que você tem uma determinada doença, é preciso perguntar “O que mais poderia ser?”. Porque, em geral, os médicos não têm apenas uma resposta para uma série de sintomas. Eles só pegam a mais provável. Na maioria das vezes, o diagnóstico vai estar certo. Mas não em todas as vezes, porque o corpo tem uma grande variação de sintomas e formas de responder às diversas doenças. Ou seja, os seus sintomas não sugerem apenas uma doença. Por isso, os médicos normalmente têm duas ou três idéias sobre qual é o problema. Ao perguntar, você pelo menos sabe o que o seu médico está pensando. E você sabe que ele realmente está pensando.

A senhora acredita que, no futuro, a relação entre os médicos e pacientes se tornará mais humana, menos impessoal?

Deveria. Saúde é extremamente pessoal. Acho que uma boa relação entre médico e paciente não é importante apenas para o diagnóstico, mas para o tratamento em si. Essa relação tem que ser pessoal, nunca impessoal. É a essência de todo o processo. Você assiste à sérieHouse?

Sim.

House diz que todo mundo mente. A verdade é que todo mundo mente para o House porque os pacientes não possuem um bom relacionamento com ele. Se você não tem uma boa relação com o seu médico, se você não confia nele, será difícil dizer a verdade. Saber a história do paciente é essencial para entender o que está acontecendo. Então a verdade também é importante para o diagnóstico.

Na série, House não tem o hábito de ouvir o que os pacientes têm a dizer, mas a sua equipe de residentes, sim. Eles discutem muito sobre diagnóstico de um paciente. Isso acontece na vida real?

Você precisa pensar em House e a sua equipe como um só médico. Cada um deles representa um aspecto de um médico: racional, questionador, humanitário e investigador. Se você juntar todas essas partes, você tem um só médico. É como se você tivesse um especialista para conversar, outro para investigar e mais um para pensar sobre o diagnóstico: mas eles são a mesma pessoa.

E os médicos conseguem ser esse conjunto: House e a equipe? Os especialistas da vida real são como o Dr. Gregory House, são gênios que conhecem todas as doenças – até as mais sombrias?

Não existem médicos como o House, que conhecem todas as doenças e cada manifestação de um problema. Mas, sim, existem médicos que sabem mais que outros. Se você perguntar a um médico qual o melhor especialista que ele conhece, ele vai dizer um nome, o melhor que ele tem conhecimento. Nós todos conhecemos três ou quatro médicos sensacionais, que conhecem quase tudo. Mas mesmo esses médicos não são perfeitos. Por isso, é importante que haja colaboração. Até o médico mais inteligente pode cometer erros. Quando não sabemos o que está acontecendo, a primeira coisa que fazemos é pegar o telefone e ligar para o médico mais inteligente que conhecemos. Para perguntar “o que você acha que poderia ser?”.

Você acha que o House dá uma impressão ruim da profissão?

Não acredito que as pessoas realmente achem que os médicos são como o House. Acredito que o público pensa que só as partes boas do House são verdadeiras. Como, por exemplo, que existem médicos gênios e capazes de saber qualquer coisa. Mas não acho que as pessoas acreditem que é normal um médico ser rude, arrogante e viciado em drogas. Existem médicos arrogantes e viciados em droga, mas as pessoas sabem que isso não é normal e nem o desejável. Acho que quem assiste a série é mais inteligente que isso.

Em sua opinião, por que as séries médicas fazem tanto sucesso?

Porque medicina é incrivelmente interessante. Nós sabemos que não é do jeito que aparece na televisão. As pessoas amam as séries médicas pelo mesmo motivo que eu amo a medicina. Por que você está lá com as pessoas no momento mais importante da vida delas. Eu falo aos meus residentes que para nós, médicos, ir ao hospital é como qualquer outro dia de escritório. Mas para todas as pessoas que estão lá, precisando de atendimento, é o pior dia da vida delas. Então é um privilégio fazer parte disso, além de ser muito interessante estar lá.

http://veja.abril.com.br/noticia/saude/saude-house-lisa-sanders-entrevista

sábado, 3 de julho de 2010

Correio Brasiliense 13/06/2010

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quinta-feira, 1 de julho de 2010

Jornal Estado de Minas 13/06/2010


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